Em maio deste ano, no Dia Mundial sem Tabaco, a ONG EAT-Brazil (Education Against Tabacco) lançou a versão brasileira do aplicativo Smokerface, que, a partir de uma foto, simula, em projeção 3D, a aceleração do processo de envelhecimento e os malefícios na aparência causados pelo cigarro. Um dos supervisores da organização no Brasil é Breno Bernardes, estudante de medicina da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e ex-bolsista do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que ficou durante um ano e meio no exterior, sendo um ano na University of California, Los Angeles (UCLA), e seis meses na Escola de Medicina de Harvard (Harvard Medical School).

Em maio deste ano, no Dia Mundial sem Tabaco, a ONG EAT-Brazil (Education Against Tabacco) lançou a versão brasileira do aplicativo Smokerface, que, a partir de uma foto, simula, em projeção 3D, a aceleração do processo de envelhecimento e os malefícios na aparência causados pelo cigarro. Um dos supervisores da organização no Brasil é Breno Bernardes, estudante de medicina da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e ex-bolsista do programa Ciência sem Fronteiras (CsF), que ficou durante um ano e meio no exterior, sendo um ano na University of California, Los Angeles (UCLA), e seis meses na Escola de Medicina de Harvard (Harvard Medical School).

Breno estudou durante um ano na Universidade da California (Foto: Arquivo Pessoal)

Experiência no exterior
Para Breno, a oportunidade proporcionada pelo CsF foi muito impactante e importante para o desenvolvimento dos novos projetos. “Em minha experiência destaco, primeiramente, o contato que tive com os pesquisadores e médicos que lideram a Cardiologia no mundo, área que pretendo me especializar. Na UCLA, trabalhei com profissionais renomados, onde engajei em projetos sobre a remoção de marcapassos. Em Harvard, trabalhei com o Dr. Peter Libby em projetos sobre o que há de mais novo quanto aos mecanismos de infarto. Ele é o líder mundial em uma linha de pesquisa sobre o assunto e trabalhar lado a lado com ele foi absolutamente inacreditável. Como futuro cardiologista brasileiro, quero trazer todas essas novidades para o Brasil - tanto as novas técnicas de extração de marcapassos quanto o novo paradigma que explica os infartos cardíacos.”

Durante experiência no exterior, o estudante também ficou seis meses na Escola de Medicina de Harvard (Foto: Arquivo Pessoal)

Projetos Sociais 
Com a experiência no exterior, Breno também passou a valorizar mais os projetos sociais. “Eu, ao final do ensino médio, não participava de eventos, não socializa muito, não estava preocupado com ações sociais – mas eu estudava bastante, restrito à minha individualidade, o que me proporcionou uma excelente nota no vestibular. Hoje, me questiono: um candidato com menor pontuação no vestibular, mas que desenvolveu uma ação social de impacto em sua comunidade, não teria um mérito muito maior para ocupar a minha vaga? Acredito que a resposta seja sim e que não podemos continuar selecionando jovens para a universidade sem dar mérito ao que realmente o Brasil realmente precisa: jovens com educação básica de qualidade, mas que sabem jogar o outro brasileiro pra frente e que valorizam a interdisciplinaridade.”

A partir deste pensamento, o estudante passou a desenvolver vários projetos sociais e de pesquisa na vida universitária, principalmente após a vivência no exterior. “Percebi como os americanos valorizam muito a história pessoal, as ações sociais e o voluntariado – acredito que algo que contribua muito para isso seja o processo de admissão para as universidades americanas, o qual valoriza muito mais essas características do que apenas uma nota em uma prova de conhecimentos gerais. Motivado por todos estes valores, participei recentemente da fundação da ONG EAT-Brazil, Education Against Tabacco-Brazil – uma iniciativa que eu trouxe de Harvard. Nossas expectativas no combate ao cigarro são grandes.“
Estudantes de medicina Breno Bernardes e Luiz Xavier e prof. Paulo Corrêa, coordenadores nacionais da rede EAT-Brazil (Foto: Arquivo Pessoal)

EAT-Brazil 
Além do aplicativo já lançado, a ONG já planeja intervenções educativas. A partir de agosto, será feito um projeto de extensão com adolescentes das escolas públicas de Ouro Preto. Serão sorteados dois grupos de 750 estudantes cada, com idades entre 10 e 16 anos, e somente um deles será exposto ao aplicativo e a uma intervenção feita por alunos da universidade para explicar sobre os malefícios e, também, sobre as estratégias da indústria do cigarro. Após, será feito um levantamento para ver, nos dois grupos, quantos adolescentes começaram a fumar e quantos pararam. “Isso será usado para vermos a eficácia das intervenções do EAT no Brasil e para fazermos as alterações necessárias. Caso funcione, o objetivo é implantar em todas as escolas. Até o momento, mais de dez escolas de medicina de todas as regiões do país já demostraram interesse em aderir ao programa. O nosso foco é reduzir o número de fumantes, em especial, evitando que esse vício comece. O combate ao cigarro é importante não só pelo fato de o cigarro ser a porta de entrada para o consume de outras drogas, mas principalmente pelo fato de o tabagismo ser a maior causa de morte evitável no mundo ocidental, sendo responsável por grande parte dos infartos cardíacos e cerebrais.”
Foto ilustrativa do aplicativo SmokerFace, lançado em Português pelo EAT-Brazil no Dia Mundial sem Tabaco 2016 (Foto: Arquivo Pessoal)

Futuro
Para o futuro, Breno pretende ajudar a mudar o Brasil, não apenas na Cardiologia, mas também na área social, seja diminuindo o consumo de cigarro e outras drogas entre adolescentes ou ajudando a mudar a regulamentação das admissões em universidades brasileiras a fim de se começar um processo de valorização de ações sociais e de voluntariado. “O CsF abriu portas para tudo isso: participei de projetos sobre o que há de mais novo em Cardiologia, já tenho um convite de doutorado no exterior e trouxe a ONG EAT para o Brasil. Ainda como um estudante de medicina, não sei os passos certos para eu conseguir gerar as mudanças em nossa sociedade, mas tenho muita motivação para seguir em frente. Acredito que motivação é a palavra que define a geração que participou deste programa.”

 (Natália Morato)